Chegou até mim por via do senhor Joaquim Venâncio, que trabalhou no velho cinema nos anos quarenta, sendo responsável por colocar a funcionar o motor que fornecia a energia necessária à projecção do filme. Mais tarde, com o aparecimento da rede eléctrica, tal função deixou de ser necessária e o seu trabalho no cinema terminou.
Infelizmente, tal como ocorreu ao Senhor Joaquim, os tempos de hoje colocam desafios muito complicados ao cineteatro. Estou convicto que será muito difícil continuar a fazer face à concorrência que os tempos de hoje trazem. O apelo dos centros comerciais que oferecem possibilidades de divertimento e lazer mais variado, em conjunto com a maior facilidade de deslocação e as possibilidades de ver filmes em casa, quer por compra de um simples DVD (hoje a preços acessíveis) ou fazendo o download do filme através da net, coloca desafios muito difíceis de ultrapassar para um cinema de uma pequena localidade como Messines.
Quero também aproveitar a oportunidade para contar uma pequena história passada no cinema, que mostra como os tempos mudaram. Hoje, não acredito que fosse possível ao Helder Patrão organizar um evento semelhante. Quer dizer, ele organizar poderia organizar, não acredito é que tivesse espectadores em quantidade suficiente que o justificasse.
O Helder Patrão (aka Helderinho), um ex-vereador da nossa praça, sempre se mostrou atraído pela possibilidade de uma carreira que lhe desse a possibilidade de algum destaque público. Penso ter sido essa a razão que o levou a abraçar o papel de vereador na CM de Silves e, na sua juventude, por altura dos anos 80, a organizar no cineteatro João de Deus um espectáculo ao tipo do “pão com manteiga”, um programa de rádio apresentado por Júlio Isidro e que ficou célebre nessa época.
O espectáculo caracterizou-se por música (penso que havia um grupo a tocar ao vivo mas já não me recordo qual) e alguns passatempos. Num deles a audiência foi chamada a identificar o grupo autor de uma música, da qual o Helder tinha acabado de passar um pequeno trecho. Para sorte nossa, nessa mesma manhã eu tinha ouvido na rádio essa mesma música, pelo que não foi difícil acertar e identificar os “Taxi”.
O segundo passatempo já foi mais complicado, a audiência foi chamada a trazer ao palco do cineteatro uma galinha e fazê-la cantar (por aqui já podem ver a duração do dito espectáculo). Lembro-me de termos saído do cineteatro para ir buscar a galinha e ganhar o passatempo.
O Primeiro desafio deu-nos como prémio o disco dos táxi, (a música podem ouvi-la aqui em baixo). O segundo deu-nos o disco dos “Já-fumega” cuja foto aqui podem ver.