16/05/2011

A vida está difícil.

"...Centenas de pessoa estavam já ontem à noite concentradas em frente à Junta de Freguesia de Armação de Pêra, onde hoje, a partir das 09h00, são atribuídos os toldos de praia para o Verão, no areal no concelho de Silves, no Algarve. Apesar de cada pessoa só poder ficar com dois toldos, estes não deverão chegar para todos...." in CM

Messinenses, já foram reservar o toldo?

1 comment:

  1. Champanhe e pentelhos
    por JORGE FIELHo


    - You are drunk, Mr. Churchill, constatou, escandalizada, a catatua que partilhava a mesa do antigo primeiro-ministro britânico.

    - Sim, estou bêbado, mas pela manhã estarei sóbrio, e você continuará feia, ripostou Winston, que comandou com mão-de-ferro a resistência europeia ao expansionismo nazi e soube fazer do champanhe um precioso aliado para derrotar Hitler.

    "Tirei mais do álcool do que o álcool tirou de mim", escreveu o velho leão, consumidor frequente de Pol Roger e que no Dia D teve presença de espírito para gracejar que não estava só em causa a libertação de França - mas também do champanhe.

    Imortalizado pelos célebres discursos do blood sweat and tears e pela Cortina de Ferro, Winston (que aguardou a morte pintando marinhas em Câmara de Lobos) cunhou outras frases célebres, como aquela sobre a imprescindibilidade do champanhe (In victory I deserve it, in defeat I need it), uma variante da frase de Bonaparte ("Bebo sempre champanhe; na vitória para celebrar e na derrota para me consolar").

    Não escassearam as oportunidades para Churchill, pelas boas e más razões, se enfrascar em champanhe durante uma carreira política que foi longa, porque ao seu tempo a opinião publicada não tinha sido ainda sequestrada por um bando de falsos moralistas, que se tivessem nascido no Afeganistão dos talibãs teriam feito carreira no Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

    Lembrei-me da paixão de Churchill pelo champanhe a propósito do coro condenatório de virgens ofendidas que se fez ouvir quando o acelerado Catroga se deixou arrastar pelo coloquialidade e criticou na televisão os jornalistas por andarem "a discutir pentelhos".

    Eu não gosto de Catroga porque ele, quando ministro das Finanças, ordenou a ridícula penhora da retrete do Estádio das Antas e fez tábua-rasa das leis do mercado, prejudicando os interesses dos pequenos accionistas para engrossar a fortuna da Champalimaud ao reduzir-lhe a factura da compra do grupo Totta.

    Eu não gosto de Catroga, pensionista com uma reforma de 9693 euros e 54 cêntimos, porque teve a desfaçatez de contar em público a confidência que Manuel Pinho lhe fez ao almoço: "Dizem que vou para a Caixa, mas aquilo só dá 350 mil euros e o carro também não é grande coisa."

    É por estas e por outras que Catroga não deve ser ministro das Finanças - e não por ter falado em pentelhos. É por ter menosprezado um salário de 350 mil euros que Pinho não deve voltar ao Governo - e não por ter feito corninhos na Assembleia. O moral da vida exemplar de Churchill é esse: o que conta nos políticos é o seu carácter e competência. Tudo o resto, é uma questão de pentelhos.

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