Ontem foi dia aberto na Durham Johnston, a escola pública, para onde tudo o indica a minha filha mais velha irá frequentar no próximo ano lectivo o sétimo ano de escolaridade. Dia aberto significa, o dia em que a escola, sem que pare a suas actividades lectivas, abre as suas portas e convida os pais e encarregados de educação dos seus futuros alunos a visitar as instalações, falar com professores e alunos e ouvir o que a directora tem para dizer, para assim poderem fazer uma escolha atempada e ponderada da escola que desejam frequentar. Reparem que o dia aberto ocorre em Setembro, um ano antes do início do ano lectivo em causa.
Fomos recebidos na segunda-feira de manhã pelas 10 horas, e após umas breves palavras de um dos professores, duas alunas, nos seus 13-14 anos, fizeram as honras da casa ao nosso grupo. Percorreram connosco as diversas salas, esclareceram dúvidas e por fim levaram-nos a um amplo anfiteatro onde um aluno tocou piano até que, acabada a visita às instalações de todos os outros grupos, a directora explicou o que era a escola, qual o seu projecto educativo, os valores em que acreditam etc. Mais do que isso, alertou-nos que, caso não ficássemos esclarecidos, poderíamos sempre voltar em qualquer outro dia, a escola não tinha nada a esconder, muito pelo contrário, afirmou.
Nesse mesmo dia, desta vez à tarde, pelas 18 horas, voltei lá, desta vez acompanhado da futura aluna. De novo visitámos as instalações, mas desta vez com o bónus de muitos professores terem preparado actividades para receber os pais e os futuros alunos. Foi assim que pudemos visitar a sala de música, equipada com todos os instrumentos que possam imaginar, ver e executar experiências onde se demonstrava a separação da água em Hidrogénio e Oxigénio, participar numa simulação de um crime, onde os alunos eram chamados a desempenhar o papel de um investigador do CSI, participar em jogos matemáticos e muitas outras actividades, fomos inclusive a uma sessão onde a professora de informática e alunos mais velhos, mostravam aos mais novos como se devem proteger nas redes sociais. Saímos já eram quase oito e meia da noite e, mas houve quem tivesse ficado mais tempo, apreciei imenso a disponibilidade demonstrada por aqueles professores e funcionários.
Durante toda a visita não consegui deixar de pensar, porque será que apesar de tanto dinheiro gasto no ensino público em Portugal, este não nos consegue oferecer algo, já não direi igual, mas que pelo menos se aproxime disto. Pior ainda, a ausência de referências de qualidade no ensino que temos, adormece-nos, tolhe-nos o juízo e deixa-nos desamparados, impedidos de reagir e exigir aquilo a que temos direito, de tal forma isto é verdade que até achamos bom, o que de menos mau nos dão. Foi por isto que resolvi escrever este Post.
O que acabo de ler deixa-me feliz. Esse é o tipo de ambiente e suporte que facilita a aprendizagem e incute dinamismo a quem com ela interage.
ReplyDeleteAcredito que daqui a uns anos alguém copie o modelo para cá. Cá é a única coisa que sabem fazer quanto a projectos educativos, copiar modelos ou então não registar as aprendizagens e depois fazer experiências.
Deixo-te aqui uma que ainda tenho de averiguar mais a pormenor mas da qual tive conhecimento hoje. Na nossa vila temos turmas do 3º e 4º ano de escolaridade a ter aulas no ciclo (5º ao 9º ano). Motivo: não há espaço na escola primária. Factos engraçados: fecharam as escolas dos Calvos e Monte Boi depois de terem efectuado obras nas mesmas. Há pessoas que acham isto "porreiro pá!" Portanto tenho que presumir que têm zero conhecimento dos problemas que este tipo de misturas acarretam para as próprias crianças!
Conclusão: o pais está entregue a energúmenos. O pior, é que alguém os meteu lá. Será que vão continuar a fazer o mesmo?!
Pois é caro amigo.
ReplyDeleteEstava a ouvir umas musicas do BOSS - Springsteen, que o nosso amigo Roberto tanto gosta e lembrei-me de te visitar e dou de caras com este Post.
Sobre a realidade Britanica, já tinha algum conhecimento, pois o meu irmão põe a para dessa realidade.
Agora sobre a nossa miséria tenho um conhecimento profundo.
Eu que comecei no 7º ano em Silves com o famoso unificado, com a famosa avaliação continua, que os nossos politicos saidos do Prec tanto gostavam.
Agora tenho os meus filhos no 5º ano e verifico que desde esse tempo até hoje, muito coisa melhorou, mas infelizmente continuamos 30 anos atrasados em relação a outros paises europeus.
Sina a nossa o Afonso ter dado a coça na mãe.
Nunca mais vou a Guimarães.
Os meus filhos andam na escola pública. Um na antiga primaria outro no que no meu tempo se chamava ciclo. As escolas são as mesmas do meu tempo e no caso da primária a única coisa que mudou foram as casas de banho : já há sanitas mas a canalizaçaõ é a mesma e passam muito tempo entupidas. A escola primaria nova tem sido tema de campanha da nossa presidente mas depois de eleita esquece-se... Parece que há dias voltou a prometer que ia ser em Outubro que a coisa começava, mas esqueceu-se de dizer o ano. Verdade seja dita o mês ainda não acabou mas não acredito que algo mude. No "ciclo" também há salas de música como na futura escola da tua filha, só não tem é instrumentos de todos os tipos. E já agora as turmas cá são de 24 na primaria e 28/30 alunos no ciclo. Sem instalações, sem condições, sem funcionários suficientes, com turmas sobrelotadas, o facto de os meus filhos e os dos outros até aprenderem alguma coisa às vezes até me espanta. Este é o país que temos, o governo que elegemos e a autarquia que se calhar merecemos.
ReplyDeleteBelo comentário Noname.
ReplyDeleteTocas bem no ponto.
Além desta pobreza franciscana que não sai, não se mexe e nunca se acaba em que que vivemos. Ainda, estou em querer, iremos passar pela vergonha de ver o País ter de ser "assistido" pelo FMI. Esta vergonha embaraçosa é algo que vocês não sentem, mas para quem está fora e gosta do seu país, como eu, é até humilhante.
Quanto ao resto às escolas etc..Eles, os Bifes, também têm escolas que não prestam e há muitas coisas de que não gosto na sociedade britânica.
Mas devo dizer, que tentam melhorar e conseguem frequentemente fazê-lo, já nós vamos vivendo acomodados nesta modorra contagiante em que nos colocam.