23/01/2010

Um Bocadinho da Nossa História: Como Eu (e outros), um dia ganhamos um disco dos Já-Fumega.

Volto ao assunto do cinema, por ter encontrado no baú das recordações um velho cartaz de 1960, a anunciar um filme do Zorro no cinema de Messines.



Chegou até mim por via do senhor Joaquim Venâncio, que trabalhou no velho cinema nos anos quarenta, sendo responsável por colocar a funcionar o motor que fornecia a energia necessária à projecção do filme. Mais tarde, com o aparecimento da rede eléctrica, tal função deixou de ser necessária e o seu trabalho no cinema terminou.

Infelizmente, tal como ocorreu ao Senhor Joaquim, os tempos de hoje colocam desafios muito complicados ao cineteatro. Estou convicto que será muito difícil continuar a fazer face à concorrência que os tempos de hoje trazem. O apelo dos centros comerciais que oferecem possibilidades de divertimento e lazer mais variado, em conjunto com a maior facilidade de deslocação e as possibilidades de ver filmes em casa, quer por compra de um simples DVD (hoje a preços acessíveis) ou fazendo o download do filme através da net, coloca desafios muito difíceis de ultrapassar para um cinema de uma pequena localidade como Messines.

Quero também aproveitar a oportunidade para contar uma pequena história passada no cinema, que mostra como os tempos mudaram. Hoje, não acredito que fosse possível ao Helder Patrão organizar um evento semelhante. Quer dizer, ele organizar poderia organizar, não acredito é que tivesse espectadores em quantidade suficiente que o justificasse.

O Helder Patrão (aka Helderinho), um ex-vereador da nossa praça, sempre se mostrou atraído pela possibilidade de uma carreira que lhe desse a possibilidade de algum destaque público. Penso ter sido essa a razão que o levou a abraçar o papel de vereador na CM de Silves e, na sua juventude, por altura dos anos 80, a organizar no cineteatro João de Deus um espectáculo ao tipo do “pão com manteiga”, um programa de rádio apresentado por Júlio Isidro e que ficou célebre nessa época.

O espectáculo caracterizou-se por música (penso que havia um grupo a tocar ao vivo mas já não me recordo qual) e alguns passatempos. Num deles a audiência foi chamada a identificar o grupo autor de uma música, da qual o Helder tinha acabado de passar um pequeno trecho. Para sorte nossa, nessa mesma manhã eu tinha ouvido na rádio essa mesma música, pelo que não foi difícil acertar e identificar os “Taxi”.

O segundo passatempo já foi mais complicado, a audiência foi chamada a trazer ao palco do cineteatro uma galinha e fazê-la cantar (por aqui já podem ver a duração do dito espectáculo). Lembro-me de termos saído do cineteatro para ir buscar a galinha e ganhar o passatempo.

O Primeiro desafio deu-nos como prémio o disco dos táxi, (a música podem ouvi-la aqui em baixo). O segundo deu-nos o disco dos “Já-fumega” cuja foto aqui podem ver.




A Autonomia do Algarve

Desde já me confesso, para que não haja quaisquer dúvidas, sou contra qualquer autonomia no território Nacional, sendo como é óbvio assim, também contra a autonomia do Algarve. Mesmo relativamente às autonomias que todos nós conhecemos, Açores e Madeira, que têm por base as dificuldades levantadas pelo seu isolamento geográfico, eu sou contra.

Considero que o território nacional é uno e como tal assim deve ser tratado, quer isto dizer que não vejo por que razão um Madeirense deva ter mais direitos à Madeira do que eu, assim como o mesmo é verdade para um Nortenho em relação ao Algarve ou a qualquer outra região nacional.

O Estado deve providenciar os meios, para que todo o país se desenvolva de forma harmoniosa e sem a necessidade de recorrer a figuras como a da autonomia. Todos sabemos que na prática não é assim que acontece e, infelizmente, há zonas do país que são mais favorecidas do que outras, mas este é um problema diferente.

Repare-se que não sou contra que determinadas regiões tenham diferentes prioridades, que umas possam investir mais no ensino, outras na cultura e ainda outras mais na agricultura. Sou totalmente a favor que cada região faça o que bem entender fazer com a dotação orçamental que lhe é dada e, se quiserem chamar a essa liberdade de escolher onde investir, autonomia, então tudo bem serei assim a favor, mas só nesse ponto.

O que já não gosto é que por trás destas vontades autonómicas escondem-se quase sempre a vontade de alguns em tornar o seu quintal independente e ganhar poder, com isso, eu já não concordo.

Vem tudo isto a propósito do post do Paulo Silva (por quem tenho grande apreço), no seu Penedo, em que faz a apologia da autonomia do Algarve como forma de combater males como a segurança, o desemprego, a saúde etc. Além de achar não ser a autonomia a panaceia para tantos males. Vejo mais uma vez na argumentação do Paulo, a ideia que muitos outros perfilham, “desde que o meu pedaço esteja bem o resto que se lixe”.

Portugal é um país pequeno, tem leis de sobra para controlar tudo e mais alguma coisa, só precisa é de ter juízo.

Por mim e vez da Autonomia do Algarve, proponho uma outra medida muito mais singela:

Revisão da Constituição com introdução da obrigatoriedade do voto. Criação em simultâneo da figura do voto de protesto com efeito directo no número de lugares na assembleia da república. O número de lugares disponíveis no parlamento, a serem ocupados pelos deputados eleitos, seria inversamente proporcional ao número de votos de protesto, sendo o corte de lugares mais pronunciado nos partidos com a maior representação parlamentar.

Veriam como tudo se resolvia.

21/01/2010

O que os outros dizem

Deixo-vos caso não tenham lido a interessante crónica de Ferreira Fernandes no DN

"
A desgraça ensina-nos muito


País que doou mais dinheiro ao Haiti? Os EUA. Normal, é gratidão - já explico. Segundo país? Itália. Itália, o segundo país do mundo a dar mais dinheiro ao Haiti? Bem, não foi bem dar, perdoou a dívida (55 milhões de dólares). O pobre do Haiti tem um terramoto devastador e o generoso do credor perdoa-lhe a dívida, é? Os haitianos vão comer o perdão? Não brinquem, as dívidas marcaram o Haiti - também já explico. Então, vamos lá às duas explicações. A primeira, sobre a gratidão dos EUA. O Haiti ficou independente, em 1804, depois de os antigos escravos terem corrido com a expedição militar francesa. Daí saíram duas boas consequências para a América. Os colonos brancos fugiram para Nova Orleães e introduziram uma das culturas, a do algodão, que construiu a sociedade americana. Por outro lado, derrotado no Haiti, Napoleão decidiu abandonar o Novo Mundo: vendeu ao desbarato o território da Louisiana aos EUA. Nesse dia, os EUA dobraram a superfície (diz-se que foi o melhor negócio da História). Fica explicada a gratidão. Em 1825, a França obriga o Haiti a pagar a independência, conseguida 20 anos antes: 150 milhões de francos-ouro (5 anos do orçamento da ilha). Pagar a dívida destruiu a economia do Haiti para sempre. Fica explicada a dívida. Os terramotos às vezes mostram-nos os caboucos do mundo.
 
Ferreira Fernandes, DN"

17/01/2010

Homenagem a Carlos Paredes

Hoje apeteceu-me homenagear este grande Senhor da música Portuguesa.
Porquê? Poderão perguntar vocês.
Porque me apeteceu, responderei eu, se tal questão se puser.

O Remexido

Terminei as minhas férias de Natal em Messines, com um belo jantar no Remexido, a casa do Zé Piasca, situada em frente ao Teófilo.

Este post vai parecer um pouco de publicidade, mas desde já digo que não o é, trata-se somente de fazer justiça a quem a merece.

O Zé está feito um verdadeiro "expert" na arte da restauração. Excelente atendimento, com simpatia, espaço limpo e arranjado como deve ser e, acima de tudo, uma fantástica comida. Primeiro que tudo as entradas, com um belo queijo, paio e umas sardinhas albardadas, estavam divinais. Depois, da minha parte foi um Sargo grelhado, que estava excelente. Tudo bem regado com um branco fresquinho.


Desde já apontei na minha agenda, que na próxima vez que encontrar o manfarrico que aqui responde por “Serrenho”, iremos dar alegrias ao palato na casa do Zé Piasca.

Confidenciou-me o Zé, agora presidente da casa do Povo de Messines, que a instituição está a viver momentos algo complicados. Uma situação a merecer a atenção das forças vivas da freguesia e do concelho, que não devem esquecer o papel que a Casa do Povo tem hoje em dia na freguesia ao nível educativo.


(A casa do Povo de Messines)

12/01/2010

Center of Explanations.

Nas minhas deambulações por Messines dei com isto que aqui vêem:





Eu até percebo a ideia do autor, atrair para o seu centro de explicações algum Inglês menos avisado que por ali passe. Digo “menos avisado”, porque com esse “Center of Explanations” vai ser difícil apanhar algum.
Como este blog se dedica a puxar pela vila, sugiro fortemente que retire o dito “Center of Explanations” e o substitua por um “After School Studies”, pode ser que assim a coisa funcione.

Avatar

Antes de deixar Messines consegui ir ver o Avatar. O novo filme de James Cameron.


Recomendo vivamente que vão ver a versão 3D. Os efeitos tridimensionais estão simplesmente fantásticos. Tempo bem passado, sem dúvida.




Já o contrário é verdade para outro filme que fui ver, o 2012, sugiro vivamente que evitem este.

O que ando a ouvir: Seu Jorge & Ana Carolina - Chatterton

Para ouvir com cuidado e prazer...

O que ando a ouvir: Amália Hoje - A Gaivota

Uma grande voz...

11/01/2010

O que ando a ouvir: Dexy's Midnight Runners - I'm Just Looking

Já estamos em 2010.



Mas em Messines não queremos largar o 2009....

Existe em Messines uma verdadeira singularidade do espaço–tempo. Um “Não Lugar”.

Durante a minha recente estadia em Messines percorri vezes sem conta a estrada que liga Messines ao Algoz. Como acredito que em tudo o que fazemos devemos procurar um lado positivo, comecei por puxar pela cabeça e tentar encontrar algo positivo em percorrer uma estrada completamente esburacada. Encontrei dois aspectos, mas estou certo que mais haverá.

O primeiro é que aquilo é bastante divertido, até já tinha arranjado um jogo e tudo. Consistia simplesmente em verificar se conseguia fazer o percurso sem cair em nenhum dos buracos, claro que a velocidade média a que conduzia ia aumentando à medida que cumpria com sucesso cada etapa. Consegui chegar bastante longe, estava satisfeito e cheguei mesmo a acreditar ter jeito para fazer o Dakar, mas, já para o fim, o nosso novo presidente da Junta de Freguesia (penso que foi ele) veio estragar-me a brincadeira, (começa mal este presidente, o do Algoz é muito mais divertido).

Não sei o que lhe passou pela cabeça, mas não é que o malfadado mandou tapar alguns dos buracos entre Messines e os Calvos. Assim num ápice, retirou para aí uns dez ou vinte à prova, aquilo ficou muito mais fácil e tive que recomeçar a contagem de novo. Uma maçada.

A outra vantagem que descobri foi o facto de ter observado em Messines a primeira singularidade do espaço-tempo de que há registo (pelo menos que eu saiba). Até lhe deram nome e tudo, chamam-lhe o Joinal.

O Joinal é um não-lugar, um sítio onde se pode estar e ao mesmo tempo não estar. Descobri mesmo que o mais complicado é lá estar, pelo menos no local onde a linha que une as placas de início e fim do Joinal cruza a estrada Messines-Algoz. As ditas placas estão tão bem alinhadas, que a dita linha faz uma perfeita perpendicular à estrada e assim, mesmo querendo, estar no Joinal é complicado, sobra sempre um bocado dos sapatos que não estando na linha também não está no Joinal.

Assim o engraçado é que pode-se estar e simultaneamente não estar no Joinal, pode-se também não-estar no Joinal (o que até frequentemente acontece) mas já estar no Joinal é bem mais complicado.


(O Joinal, quando se vai de Messines para o Algoz. Reparem nas placas de início e fim do Joinal, a primeira do lado direito e a segunda ao lado esquerdo da estrada)
 
 


(O Joinal, visto na situação inversa. Vindo agora do Algoz.)

Estou de Volta.

Antes de mais as minhas desculpas a todos os que aqui vieram "bater" e nada encontraram durante os dias em que me andei a passear por Messines. Ao Paulo Silva, ao José Paulo e ao Nuno Cruz um obrigado especial pelos emails e/ou referências ao Messines-Alte nos seus blogs.

Um abraço também para o Bananas, para a HC e para o Carrasqueiro, o primeiro com votos de um bom, um excelente 2010 para todos.

Deixei para o fim o comentário da Gabriela Martins. O não mencionar do blog da casa museu João de Deus no meu post foi apenas um lapso. Não é verdade que só tenha referido os blogues de cariz politico, recordo-me que me referi também aos blogues (tem mais do que um) da HC e não são de cariz político.

Tem toda a razão que a cultura nem sempre é bem tratada pelo poder, já o “não dar votos” me deixa mais reticente em concordar consigo. Já agora aproveito para lembrar que temos nova vereadora da cultura, que até é de Messines e tudo, quem sabe a casa Museu e outras instituições da vila como a Sociedade e a Casa do Povo possam vir a tirar partido disso.

01/01/2010

Feliz Ano Novo de 2010

Após esta interrupção festiva, voltarei à actividade "postiva" em breve.

Para já, apenas um desejo, bom ano de 2010 para todos.