23/11/2010

Quando a solidariedade é uma palavra vã.

Começo por fazer uma declaração de interesses. Nunca votei CDS, nunca votei PSD, votei CDU por uma vez nas eleições locais e PS sempre que a minha disponibilidade para colocar o boletim de voto na urna o permitiu e o que estava em causa no País assim o justificava.

Foi por isso com enorme desagrado que li hoje a notícia que o PS e o PSD, um mais escondido que o outro, aprovaram o regime de excepções aos cortes salariais na função pública. Para ser directo tal regime significa apenas isto, os mesmos de sempre pagam a crise, os outros, os que mais ganham, ficam a ver o filme. Justificação para isto, simples, eles são muito bons e se não lhes pagamos bem podem fugir.

O argumento agora invocado para justificar tal regime de excepção é exactamente o mesmo que sempre tem sido usado para justificar medidas similares.

O que pergunto é o seguinte. Se são assim tão bons, porque chegou o País ao ponto em que está? Mais,  fogem para onde? O (ex) governador do banco de Portugal, o tal que previu coisa nenhuma, ganhava quando cá estava cerca de 250 000 euros por ano, quase o dobro que o presidente da reserva federal dos Estados Unidos e apenas os governadores dos bancos centrais de Hong-Kong e Itália auferiam mais do que Vítor Constâncio. Assumindo que os restantes membros da camarilha devem andar pelos mesmos referenciais em termos relativos, se lhes cortassem o salário para onde iriam eles? Isto para já não falarmos no que significa ser solidário.

O que está em causa neste momento com mais esta jogada é simples. A vergonha perdeu-se e, se ainda havia a esperança que tais comparsas fossem por esta vez capazes de mostrar honra e solidariedade com os seus compatriotas, esta esfumou-se. A máscara caiu, de vez!

Resta aos Portugueses mostrar do que são capazes e acreditar que mais vale pobre e com honra do que submisso...

A greve geral nada resolverá, mas pelo menos poderá ser um começo. É necessário varrer a camarilha mafiosa do poder, de todo e qualquer poder e, para que fique claro, não me refiro só a Sócratese e ao PS. O recado aplica-se a todos, com muito poucas excepções.

"...Os "trabalhadores das empresas públicas de capital exclusiva ou maioritariamente público, das entidades públicas empresariais e das entidades que integram o setor empresarial regional ou municipal" era o texto original da proposta de lei do Orçamento, ao qual o PS acrescentou hoje a expressão "com as adaptações autorizadas e justificadas pela sua natureza empresarial".

O texto não especifica que adaptações serão autorizadas, quem as autorizará nem o que constitui uma justicação de "natureza empresarial" válida...."in SiC online

1 comment:

  1. Caro amigo, o problema é que não existem alternativas no espectro politico portugues.
    Quem pensa que o BE o pode ser, basta ver no que a candidatura do pateta alegre se está a tornar.
    O pcp, não se liberta dos dogmas em que vive enrolada há decadas.
    O ps e psd, são os irmãos gémeos responsáveis pela situação que vivemos e vão gerindo ao seu belo prazer os jobs para os bois partidários.
    O pp, quer aparecer a todo o custo na TV, deste modo desde que o portas seja ministro de qualquer coisa, eles apoiam.

    Sobram as pontas e entre o pctp/mrpp e o pnr e destes nem comento.

    Estamos tramados, tudo por culpa do cabrão do Afonso Henriques, que tinha de andar à porrada com a mãe.

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