13/09/2010

A adopção de crianças por casais homossexuais

Quando iniciei esta segunda vida do Messines-Alte, fi-lo, já me disseram, escolhendo um tema fracturante, no caso, o casamento homossexual, de que me declarei a favor. Na altura afirmei também que mais tarde daria a minha opinião sobre a possibilidade de casais homossexuais virem a adoptar crianças.

Pois bem, penso ser chegada altura de cumprir o prometido.

Neste particular da adopção já não posso afirmar ser a favor. Pelo contrário tenho dúvidas, muitas, mas que penso serem legítimas.

Tenho dúvidas se a vivência de uma criança no seio de uma família homossexual, irá ou não condicionar a sua sexualidade. Eu sei que o mesmo se passa numa família heterossexual, nós, heterossexuais, condicionamos a sexualidade dos nossos filhos, pelos exemplos que damos, conversas que temos etc, mas esta situação eu considero legítima, por ser natural, no sentido em que natural é a sexualidade que conduz à reprodução e em última análise à sobrevivência da espécie. No caso homossexual já nada disto se passa, a sexualidade homo não tem por fim a reprodução mas sim o bem-estar do indivíduo, o que sendo legítimo, penso dever ser uma escolha livre e ponderada de cada um e, como tal, livre de qualquer condicionalismo.

Por último, eu sei que existem por aí uns estudos que afirmam não ter a vivência no seio de uma família homossexual qualquer influência na escolha sexual futura. Pode ser, mas permitam que vos diga, que tenho várias dúvidas sobre os estudos que referi. Estes são necessariamente estudos longos, e nos quais a quantidade de variáveis que podem influenciar a conclusão final será vasta, tão vasta que os tornará quase inúteis quando se trata de legislar em áreas tão sensíveis como esta e numa escala temporal tão curta.


Ney Matogrosso-Nunca vi rastro de cobra, Nem couro de lobisomem, Se correr o bicho pega, Se ficar o bicho come

2 comments:

  1. Deixo estas questões:

    A legislação para a adopção de crianças está feita, porque é que qualquer casal, independentemente da sua orientação sexual, não pode passar pelos variados critérios de selecção, impostos, pela mesma legislação?

    Quem nos diz que um casal homossexual não é capaz de educar e amar uma criança?

    Não será mais preocupante, a nossa velha (fora de prazo!) mentalidade em não aceitar tudo aquilo que é diferente?

    E as crianças que não tiveram escolha,aquelas,as quais, os pais (ou mães) a meio da sua vida decidiram mudar de orientação sexual, vão ser mais infelizes no futuro? Vão também ter uma orientação homossexual? ou vão continuar a ser “olhadas” de forma diferente? O que será mais preocupante?

    Quanto ao Ney...quase que assisti a um dos seus espectáculos...não fosse a ventania, que na altura da Expo98, se levantou, quando o homem começou a cantar...

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  2. Cara MS,

    nada tenho a opor às suas questões, as respostas são por isso as seguintes.

    1. Podem.

    2. Ninguém, pelo contrário, até penso que amará em igual grau que qualquer outro.

    3. Não sei.

    4. Não acredito. Aqui é que está o ponto certo, ma sinfelizmente nem eu nem ninguém lhe saberá dar uma resposta definitiva. Vão, infelizmente. Não sei.

    As minhas reservas à adopção não se devem a nada que possa ter a ver com a maior ou menor capacidade da família homosexual, amar, educar e cuidar dos seus filhos.

    Prende-se sim com algo que ninguém, seja a família, a assitente social,a Psicóloga ou a própria criança, poderão controlar: Os efeitos que uma educação no seio de uma normalidade homossexual, poderão trazer para a sua (dela, criança) futura sexualidade.

    Uma coisa não poderemos negar, se forem felizes, serão com toda a certeza menos homofóbicos, se isso se traduzirá ou não, numa sexualidade homossexual já não sei. Mas tenho reservas, e como tal prefiro não arriscar....por agora.

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