05/12/2009

Um Bocadinho da Nossa História: O rio de Messines e outras histórias

Hesitei bastante se devia ou não escrever este post. Mas após reflectir profundamente sobre o assunto, achei que não deveria deixar que tabus se estabelecessem nesta estação.
De facto este não é um post mas sim um “tri-post”, ou seja um post dividido em três partes, como o próprio nome indica.

A primeira parte é para dar a conhecer aos mais novos ou aos mais esquecidos, o rio subterrâneo que corre por baixo de Messines.
Nem sempre assim foi, ainda há não muito tempo este rio corria livremente a céu aberto, surgia um pouco antes do local onde hoje se encontra o Café dos Caçadores, passando à esquerda da rotunda e continuava rua António Aleixo abaixo até ligar-se ao ribeiro meirinho.
Este nosso rio, conhecido por Barranco, não era assim um rio de grande caudal, era bem mais um riacho, embora neste caso a comparação só seja possível devido ao pequeno caudal que apresentava. Pois quanto ao aspecto cristalino das águas que nele corriam, nem vale a pena comparar. As do nosso riacho eram bem mais escuras e delas emanava um cheiro nem sempre agradável.Apesar de todo o mau aspecto que relatei, o barranco não deixou de desempenhar um papel relevante no dia-a-dia de todos os messinenses.
Não foram poucos os que nele resolveram tomar banho. Uns impelidos por manifesto acidente, outros por não se encontrarem em total controlo das suas capacidades (leia-se vinho a mais) e ainda outros pela simples curiosidade.
O Barranco foi finalmente coberto pouco tempo após o 25 de Abril. Obra do Sr. Gregório, avô do meu amigo Joaquim, do Vasco e do Nuno, que resolveu dinamizar a população para tão importante obra.
É verdade, o barranco foi fechado pela população que se juntou e trabalhou para o fazer. Escusado será dizer que estávamos em pleno PREC, altura onde tudo era possível e a generosidade e solidariedade com o próximo estavam no seu máximo.

A segunda parte é para dar a conhecer que pouco tempo antes do 25 de Abril, Messines foi ameaçado por um ataque de pára-quedistas.
Estou a brincar. Não fomos nada ameaçados, a história é curta, embora polémica, e é pouco aquilo que sei sobre a mesma, apenas lembranças vagas. No entanto vou deixar aqui o que tenho na memória. Mais uma vez correcções, precisões ou mesmo relatos da história são bem-vindos.
Foi organizado em Messines um movimento que pretenderia levar à construção na vila de umas piscinas. Penso que a liderar tal movimento estaria o Sr. Francisco Vargas Mogo, nosso ilustre conterrâneo já falecido. Esse movimento levou à realização de uma festa importante na vila, dizia-se na altura que fomos até visitados pelo ministro do interior de Marcelo Caetano, Gonçalves Rapazote, embora eu confesso, não sei ao certo se isto é ou não verdade. O que me lembro, e é muito pouco, foi que no dia da festa, os pára-quedistas, que supostamente saltariam sobre a vila foram impedidos de o fazer, pelo vento que então se fazia sentir. O resto já todos sabem, nem os pára-quedistas saltaram nem as piscinas se construíram.

Por último, a terceira parte diz respeito ao chamado choque tecnológico, que todos pensam ter sido implementado pelo governo de José Sócrates, o anterior, este já se viu que nada vai fazer. Lamento dizer, mas tal não é verdade, o dito choque tecnológico ocorreu muito tempo antes em Messines. A história é complicada de contar, até porque tal como 99.9999% dos Messinenses eu também não me encontrava na vila nessa altura. Não vou por isso alongar-me com pormenores sobre o assunto, até por que não os sei, mas parece que o dito choque metia uns exames radiológicos efectuados via satélite. Tal coisa nunca antes vista em lado algum, constituiu um verdadeiro choque, mais moral que tecnológico, diga-se, embora e até para repor a verdade dos factos, existam relatos que semelhante tecnologia foi também anteriormente testada em Loures.

6 comments:

  1. Riacho ou Arroio?Venho pela 1ª. vez e como tal vou ser breve mas prometo voltar!!!Quanto ao choque tecnológico...falsas promessas é o que é!!!

    ReplyDelete
  2. Boas, camarada Alentejano.

    Obrigado pela visita.

    ReplyDelete
  3. Caro CcoR, já não me lembrava dessa história do exame radiológico via satélite!! Tratava-se de Mamografia, se não estou em erro? :))
    Foi em Messines? Tal coisa só pode acontecer numa terra com gente com grande sentido de humor e malícia, sem dúvida!
    Deve ter sido surpreendente e hilariante, vislumbrar pelas ruas as donas, chegadas às janelas entreabertas em preparos adequados à realização da mamografia! Lembra-me uma telenovela brasileira já com uns anos, daquelas com enredos envolvendo toda a população duma terra pequena, em que uma personagem, a Dona não sei quê, solteirona ainda apetecível, virgem contra vontade, passava o dia à janela, conversando com quem passava e namoriscando com os homens, suspeitando a população que a coberto do parapeito só usava da cintura para baixo umas "calçolas".

    ReplyDelete
  4. A questão do riacho ou arroio fez-me lembrar um livro francês, não me lembro de que autor, passado na Indochina, com o título em português "Amanhecer no pântano".
    Em determinada passagem aparecia, designando um pequeno curso de água, o termo "arroyo", em itálico, indicando que no original francês pretendia reproduzir uma palavra nativa.
    Não tenho grande dúvida que se trata duma reminiscência da nossa presença naquelas terras.

    ReplyDelete
  5. Caro Barba Azul,


    Tem razão, a sua memória está em boa forma, tratou-se de facto da mamografia via satélite e, para má fortuna nossa, ocorreu em Messines. Mas desenganem-se desde já todos os outros, estou em crer, que mesmo hoje o estratagema funcionaria em qualquer outro lado, mesmo Lisboa ou Porto.

    Engraçado foi. Para quem, tal como eu e mais 99,9999% dos messinenses, não esteve envolvido, foi mesmo de ir às lágrimas de tanto rir. Só que depois, quando se pára para pensar um pouco, verifica-se logo ser uma daquelas piadas tristes.

    Revelam a credulidade das pessoas face àquilo que consideram ser superior, lembre-se a história envolvia uma médica,ciência e tecnologia, todos os ingredientes para se tornar algo de muito importante.

    1 ab.

    ReplyDelete
  6. Caro alentejano,


    riacho ou arroio?

    o meu caro faz cada pergunta, arroio, pois claro.


    1 ab

    ReplyDelete